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O VÍCIO POR INTERNET E REDES SOCIAIS EM JOVENS: O QUE É E O QUE FAZER?

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O VÍCIO POR INTERNET E REDES SOCIAIS EM JOVENS: O QUE É E O QUE FAZER?

O brasileiro é o segundo povo que passa mais tempo na internet do mundo, segundo a pesquisa Global Digital Overview de 2020. Com um tempo médio de uso de 3 horas e 31 minutos por dia, o vício em internet, celulares e jogos virtuais tem se tornado cada vez mais comum entre todas as faixas etárias e contextos sociais. Os jovens nascidos depois de 1995, especialmente, apresentam-se ainda mais vulneráveis ao vício dessas ferramentas digitais. Em primeiro lugar, porque cresceram, desde o berço, ao lado delas e, em segundo lugar, porque ainda estão desenvolvendo as capacidades cognitivas fundamentais para o uso responsável da internet, como a de autocontrole, não sendo capazes de se regular em relação ao uso dessas ferramentas.

Cada vez mais famílias aparecem em clínicas com queixas sobre suas crianças e adolescentes estarem demais no videogame ou não largarem o celular. Pesquisa realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC) em 2022 revelou que um quarto dos jovens brasileiros de 11 a 17 anos já tentou, sem sucesso, passar menos tempo online. E 16% já deixou de comer ou dormir por causa do vício. De fato, o vício nessas mídias apresenta diversos prejuízos e sintomas para a qualidade de vida e desenvolvimento humano. Entre alguns dos muitos sintomas que podemos observar, estão a presença de

vergonha, desinformação, baixa autoestima, solidão, isolamento social, tristeza, depressão, ansiedade, impaciência, perturbações de personalidade, psicose, alterações de humor, desatenção, apatia, dor nas costas, privação e problemas do sono, distúrbios alimentares, desenvolvimento de uma vida sedentária, problemas com a imagem corporal, vulnerabilidade ao cyberbullying, invasão à própria privacidade, desenvolvimento de fobias sociais, menor discernimento próprio, maior influenciabilidade, entre muitos outros.

Porém, se formos considerar que devemos “cortar este mal pela raiz”, então o próprio vício digital nada mais seria do que uma folha ou galho dessa planta. O tratamento de vícios pela internet precisa, antes de mais nada, da compreensão de como esse vício surgiu para começo de conversa. Todo vício surge para saciar uma necessidade. Qual seria a necessidade vivenciada por jovens do mundo moderno que faz com que o vício se torne tão prevalente?

Muitas crianças e jovens usam a internet como forma de escapismo das dificuldades que enfrentam em seu dia a dia, como o bullying. Já outros, usam da internet para se relacionar com pessoas de sua idade, ou encontrarem uma aceitação que não conseguem obter na vida real.

As próprias redes sociais também são desenvolvidas para garantir a permanência do indivíduo o máximo de tempo possível, apresentando conteúdos infinitos que são de interesse do próprio usuário ou reforçando as ações de compartilhar e de ser reconhecido por meio de likes e comentários, o que causa uma sensação de estarmos sempre perdendo algo caso não estejamos constantemente conectados. Este é um efeito psicológico conhecido como FoMO (ou, do inglês, Fear of Missing Out).

Já outros jovens usam das redes sociais e do jogo online para combater o estresse de suas vidas cotidianas.

O que podemos fazer para tratar esses jovens então? O tratamento do vício em internet e videogame consiste em diversas etapas e facetas. Antes de mais nada, é sempre importante reconhecer que as recaídas são possíveis e, no começo desta longa jornada, tendem a ser normais.

É importante que o jovem tenha uma rede de apoio (família, amigos, escola, namorada/o, etc.) dentro do mundo real,

e que esta rede de apoio esteja sempre atenta à emergência de sintomas de vício nessas tecnologias. Permitir uma conversa transparente sobre este tópico, acolhendo e sendo empático, ao invés de punir (com broncas, castigos ou agressões físicas, por exemplo), é essencial para garantir que o jovem não acesse de maneira excessiva o mundo digital. O desenvolvimento de habilidades de autorregulação por meio de atividades que permitam ao jovem se relacionar com pessoas da mesma idade é outro passo fundamental.

Outro passo fundamental é garantir que a energia e atenção dedicadas ao ambiente digital comecem a ser direcionadas para outros tipos de atividades, como algum hobby. As necessidades e escapismos criados e saciados pelo ambiente digital devem, antes de mais nada, começar a ser saciados na vida real para garantir que o tratamento contra o vício em internet e jogos seja eficaz. Apenas após esses passos serem dados, a criação de limites de tempo e formas de uso pode começar a ser debatida com o jovem. Caso contrário, o jovem apenas seria jogado em um vazio, sem ter para onde fugir de suas dores, sem saber como saciar suas necessidades ou como enfrentar sua vida.

Comentários (1)

EXCELENTE ARTIGO!

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